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 Os mais belos poemas de amor 

Por Nicolas | 16 de maio de 2024 

No âmago da cultura francesa, o amor e a poesia mantêm uma relação tão rica quanto profunda, tecendo ao longo do tempo um diálogo eloquente sobre a natureza complexa e cativante das emoções humanas. A língua francesa, muitas vezes apelidada de língua do amor, possui uma sonoridade e uma estrutura que se prestam maravilhosamente à expressão dos sentimentos mais apaixonados e das nuances mais sutis do amor. Este artigo leva você a uma viagem poética, descobrindo alguns dos mais belos poemas de amor escritos em francês. Para que possa apreciá-los, traduzimos esses poemas mantendo, tanto quanto possível, a essência e a beleza do original.

Poemas de amor

Amo-te (Paul Éluard)

 

Amo-te por todas as mulheres que não conheci

Amo-te por todos os tempos que não vivi

Pelo cheiro do vasto mar e o cheiro do pão quente

Pela neve que derrete pelas primeiras flores

Pelos animais puros que o homem não assusta

Amo-te por amar

Amo-te por todas as mulheres que não amo

 

Quem me reflete senão tu mesma eu vejo-me tão pouco

Sem ti não vejo nada além de uma extensão deserta

Entre o passado e o presente

Houve todas essas mortes que atravessei sobre palha

Não consegui romper a parede do meu espelho

Foi preciso aprender palavra por palavra a vida

Como se esquece

 

Amo-te pela tua sabedoria que não é a minha

Pela saúde

Amo-te contra tudo o que é apenas ilusão

Por este coração imortal que não possuo

Tu pensas ser a dúvida e és apenas razão

És o grande sol que me sobe à cabeça

Quando estou seguro de mim.

 

O juramento (Marceline Desbordes-Valmore)

 

Ídolo da minha vida,

Meu tormento, meu prazer,

Diz-me se teu desejo

Se harmoniza com meu querer?

Como te amo nos meus belos dias,

Quero te amar sempre.

 

Dá-me a esperança;

Eu te ofereço em troca.

Ensina-me a constância;

Eu te ensinarei o amor.

Como te amo nos meus belos dias,

Quero te amar sempre.

 

Sê a única lembrança

Do coração que te adora;

Eu te prometo ainda

Tudo o que tenho de futuro.

Como te amo nos meus belos dias,

Quero te amar sempre.

 

Atraído pela tua alma

Com o mais doce transporte,

Sobre tua boca adorada

Deixa-me dizer novamente:

Como te amo nos meus belos dias,

Quero te amar sempre.

 

 

O que amo mais que a vida és tu (Eugène Goubert)

 

Amo a flor que vai desabrochar,

A erva nova e a folhagem nascente,

A borboleta, imagem do prazer,

Os cantos de amor dos pássaros do bosque;

 

Amo sonhar quando o dia foge

Perto de um riacho que murmura suavemente,

Amo a estrela, anúncio da noite,

Cujos raios consolam a natureza;

 

Amo o azul cristalino do lago,

Amo os cantos de uma pastora no vale,

A montanha nevada pelo sol dourado,

O eco da tarde e a brisa leve;

 

Amo a doce voz de uma criança,

Os cabelos brancos de uma testa octogenária,

Amo o vento que assobia nos bosques,

A rocha batida pelas ondas furiosas;

 

Mas a única verdadeira felicidade para mim,

O pensamento onde meu coração se perde;

O que amo mais que a vida,

És tu, sempre tu, apenas tu!

Dormiremos juntos (Louis Aragon)

 

Seja domingo ou segunda-feira

Noite ou manhã, meia-noite ou meio-dia

No inferno ou no paraíso

Os amores se assemelham aos amores

Foi ontem que te disse

Dormiremos juntos

 

Foi ontem e será amanhã

Não tenho outro caminho além de ti

Coloquei meu coração em tuas mãos

Com o teu como ele vai a galope

Todo o tempo humano que ele tem

Dormiremos juntos

 

Meu amor o que foi será

O céu está sobre nós como um lençol

Fechei meus braços em torno de ti

E tanto te amo que tremo

Enquanto quiseres

Dormiremos juntos.

 

 

Ama-me de amor (François-Marie Robert-Dutertre)

 

O que amo ver, o que amo no mundo,

O que amo ver,

Queres saber?

São teus belos olhos, é tua figura redonda,

São teus belos olhos,

Teus olhos langorosos.

 

O que ainda amo, vou te contar,

O que ainda amo

Mais do que qualquer tesouro,

São teus doces cantos, é tua voz tão terna,

São teus doces cantos,

Lamentáveis e tocantes.

 

O que causa em mim a mais doce embriaguez,

O que causa em mim

O mais terno arrepio,

É ver teu coração vibrar de ternura,

É ver teu coração

Tremular de felicidade.

 

Enfim, se quiseres responder à minha chama,

Enfim, se quiseres

Atender todos os meus desejos,

Até o último dia, guarda-me tua alma,

Até o último dia,

Ama-me de amor.

O amor (Pierre Grolier)

 

Doce como os perfumes que tua cabeleira ama,

Como um olhar terno que lanças sobre mim,

Como as palavras tocantes que tua boca murmura:

Mais doce é meu amor por ti.

 

Doce como o rubor que colore tua testa

Quando juro viver eternamente sob tua lei,

Como as batidas do teu seio que adoro:

Mais doce é meu amor por ti.

 

Doce como tua respiração e como teu sorriso,

Como teus longos beijos que me enchem de emoção,

Doce como tua confissão, o único bem que desejo:

Mais doce é meu amor por ti.

 

Sim, de toda a felicidade que floresce na vida,

Dos prazeres que minha alma sonhou a cada dia,

Dos sonhos que tua imagem querida embeleza:

Nada é tão doce quanto meu amor!

 

 

Tu acreditas em borra de café (Paul Verlaine)

 

Tu acreditas em borra de café,

Em presságios, em grandes jogos:

Eu só acredito nos teus grandes olhos.

 

Tu acreditas em contos de fadas,

Em dias nefastos, em sonhos.

Eu só acredito nas tuas mentiras.

 

Tu acreditas em um Deus vago,

Em algum santo especial,

Em tal Ave contra tal mal.

 

Eu só acredito nas horas azuis

E rosadas que me ofereces

Na volúpia das noites em claro!

 

E tão profunda é minha fé

Em tudo em que acredito

Que já não vivo senão por ti.

Preciso de ti (Marc Delaure)

 

De ti para que o amanhecer me desperte,

Para sair lentamente dos sonhos

De ti para encontrar o sono

E retomar o fio dos sonhos

 

De ti para me levantar de manhã

Com toda a embriaguez no coração

De ti na esperança incerta

Para os caprichos da felicidade

 

De ti para apoiar minha pena

Para encontrar as palavras certas

De ti para atravessar a névoa

E seguir os caminhos que surgem

 

De ti na ausência ou no abraço

Para o riso tanto quanto as lágrimas

De ti para apagar meus medos

No silêncio ou no barulho

 

De ti para excitar meus sentidos

Aromas dos sonhos, perfumes de desejos

Para as carícias da inocência

De ti para o gosto da vida

 

De ti para meu imaginário

Para sonhar todos os cenários

De ti para sobrevoar a Terra

Para as maravilhas da viagem

 

De ti para paixões e desejos

Para a carne e para os pensamentos

De ti, a polpa do prazer

Para a felicidade de me perder

 

De ti para confessar meu amor

Tu para saborear o silêncio

Tu para a noite, tu para o dia

Tu para o desdobrar de uma dança

 

Preciso de ti, meu amor,

Assim, em ti sempre penso

Faltam as palavras, mas não tenhas medo

De aceitar a confissão sem desconfiança:

 

Preciso de ti, meu amor.

O cálice do amor (Micheline Lantin)

 

Numa roda infinita, sem fim,

Uma canção de amor à vida,

Na pista do destino, eu sorrio.

 

No chalé dos meus pensamentos,

Um guarda-chuva de estrelas no céu.

Doces prelúdios nas noites de mel.

 

Minha alma nua, repousa suavemente,

Nos caminhos perdidos da felicidade.

E se entrega à porta do teu coração.

 

À luz da vela, desejar-se,

Fluir no rio dos teus beijos.

Com longos suspiros languidamente amar-se.

 

A paixão inflama nossos corações ardentes.

Levados pela loucura do amor, afundar

Na libertação, nas profundezas das nossas almas.

A comunhão de nós dois, nossa mistura.

 

Abraçar-se, uma canção de embalo para a nossa euforia.

Acariciar o presente dos nossos delírios.

A lua, testemunha da nossa união, nos abençoa.

E a aurora beija nossos dois corpos adormecidos.

 

Ser tua, tua amante, tua bela,

A dama dos teus caminhos.

Tu e eu, almas imortais,

Saciamos-nos no cálice do amor.

Amo um anjo de olhos doces (Louis Oppepin)

 

Amo um anjo de olhos doces e cabelos castanhos,

Cuja voz me encanta, cujo olhar me embriaga!

Minha alma tem dois desejos: adorá-la e segui-la!

Se o seu coração me ouvisse, Deus satisfaria meus desejos.

 

Da juventude, ela tem os encantos cativantes!

A graça em seus traços brilha como um belo céu;

A virtude sorri para ela, a beleza a coroa!

Na manhã da primavera, é a rainha das flores!

 

Seu sorriso para mim é o raio de um belo dia!

Seu gesto gracioso me perturba e me acaricia!

Ela passa! ... Meu coração treme de casta embriaguez!

Nela coloquei tudo: felicidade, esperança, amor!

 

 

Não te amo como uma rosa de sal (Pablo Neruda)

 

Não te amo como uma rosa de sal,

topázio, cravos em flecha e espalhando fogo:

como se ama certas coisas obscuras,

é entre a sombra e a alma, em segredo, que te amo.

 

Te amo como a planta que não floresce,

que traz em si, escondida, a luz dessas flores,

e graças ao teu amor vive obscura em meu corpo

o perfume reunido que subiu da terra.

 

Te amo sem saber como, nem quando, nem de onde,

te amo diretamente, sem problemas nem orgulho:

te amo assim, não sei amar de outra maneira,

 

A não ser assim, onde não sou, nem tu és,

tão perto que tua mão no meu peito é minha,

tão perto que teus olhos se fecham quando eu durmo.

Elogio do amor (Jean de La Fontaine)

 

Todo o Universo obedece ao Amor;

Belíssima Psiquê, submeta-lhe a sua alma.

Os outros deuses a este deus cortejam,

E seu poder é menos doce que sua chama.

Para os jovens corações, é o supremo bem;

Amai, amai; todo o resto não é nada.

 

Sem este Amor, tantos objetos encantadores,

Painéis dourados, bosques, jardins e fontes,

Não têm atrativos que não sejam languidescência,

E seus prazeres são menos doces que suas dores.

Para os jovens corações, é o supremo bem;

Amai, amai; todo o resto não é nada.

 

 

Se tu existes (Jean-Pierre Villebramar)

 

Pouco importa se estou triste

se tu existes

 

o peso das horas

se tu existes

 

que passem as horas dos dias

as horas das noites

 

as horas da ausência, e depois as do tempo reencontrado

se tu existes

 

que a exaustão de amar me atinja

se tu existes

 

a exaustão de existir

se tu existes

 

que os dias cinzentos sucedam aos dias azuis

se tu existes

 

Pouco importa se sofro

se tu existes

 

que eu sofra

se tu existes

 

que eu sofra

se tu existes

 

que eu te ame sem esperança de retorno

se tu existes

 

que eu te ame

se tu existes

Eu te amo tanto, não consigo te dizer o suficiente (Fabre d'Églantine)

 

Eu te amo tanto, eu te amo tanto:

Não consigo te dizer o suficiente,

E repito isso ainda

A cada vez que respiro.

Ausente, presente, de perto, de longe,

Eu te amo é a palavra que encontro:

Sozinho, contigo, diante de testemunhas,

Ou eu a penso ou a demonstro.

 

Traçar eu te amo de cem maneiras

É o único trabalho da minha pena;

Eu te canto nas minhas canções,

Eu te leio em cada volume.

Quando uma beleza me oferece seus traços,

Eu te procuro em seu rosto;

Nos quadros, nos retratos,

Quero encontrar tua imagem.

 

Na cidade, no campo, em casa, fora,

Tua doce imagem é acariciada;

Ela se funde quando adormeço

Com meu último pensamento;

Quando acordo, vejo-te

Antes mesmo de ver a luz,

E meu coração está mais rápido para ti

Do que o dia para minha pálpebra.

 

Ausente, não te deixo;

Adivinho todas as tuas palavras.

Conto teus cuidados e teus passos;

O que sentes, eu imagino.

Perto de ti, estou de volta;

Estou nos céus, é um delírio;

Eu só respiro o amor,

E é tua respiração que aspiro.

 

Teu coração é tudo para mim, meu bem, minha lei,

Te agradar é todo meu desejo;

Finalmente, em ti, por ti, para ti,

Respiro e me apego à vida.

Minha amada, meu tesouro!

O que mais acrescentarei a esta linguagem?

Deus! Como te amo! Bem, ainda

Gostaria de te amar mais.

Eu te amo, meu amor (Jean de Palaprat)

 

Se soubesses o quanto te amo,

Eu morro quando não te vejo;

De teus olhares e de teus passos

Faço uma lei suprema para mim.

 

Sempre te amarei da mesma maneira

Até às portas da morte.

Podes ver mudar teus encantos,

Mas nunca meu amor extremo.

 

Posse, velhice, feiura,

Nada pode apagar a ardência

Que fizeste brotar em minha alma.

 

Que erradamente suspeitarias!

Ah! doce amor, eu te amarei,

Mesmo que te tornasses minha esposa.

 

 

Penso em ti, meu amor (Benjamin Dumur)

 

Penso em ti quando a aurora nascente

Vem anunciar a estrela brilhante do dia,

Penso em ti quando o sol colore

Com seus raios as colinas ao redor;

Penso em ti, meu amor.

 

Penso em ti quando a abelha volúvel

Vem sugar a rainha das flores,

Penso em ti quando o pássaro do bosque

Bate o eco com seus acordes lisonjeiros;

Penso em ti, meu amor.

 

Penso em ti quando a sensitiva

Ao simples toque vê sua frescura se esvair,

Penso em ti, minha alma mais cativa,

Temendo ferir teu ouvido e teu coração;

Penso em ti, meu amor.

 

Se algum dia, para o amante mais terno,

Sentires os tormentos do amor,

Deuses! que felicidade, te ver e ouvir

Tua doce e encantadora voz repetir então:

Penso em ti, meu amor!

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